Planeamento de refeições para indecisos

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Planeamento de refeições para indecisos




Episódio #6
Planeamento de refeições para indecisos.

Uma das maiores objeções que recebo ao planeamento de refeições está relacionada com a indecisão sobre o que vão comer. Muitas pessoas sentem que o tempo que investem em planear e preparar refeições pode não se aplicar a elas por serem mais espontâneas ao decidir o que vão comer nesse dia. Neste episódio partilho algumas dicas que vos podem ajudar a adaptar o tipo de planeamento de refeições que fazem ao vosso estilo pessoal.

Porque as melhores conversas acontecem à mesa, vamos sentar-nos a conversar? Estão convidados e se quiserem tragam um amigo também.


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Porquê planear refeições?

Quem decide começar a planear refeições fá-lo por diferentes motivos. Algumas pessoas fazem-no porque precisam de ter mais tempo durante a semana, outras porque querem ter uma alimentação mais intencional (e sabem que se cozinharem sempre em cima da hora dificilmente farão as melhores escolhas para si),  outras porque querem incluir mais variedade na sua alimentação do dia-a-dia.

Cá em casa, sei que se não planear comer peixe, acabamos sempre a comer vegetariano, vegan e/ou carne com alguma forma de arroz. No entanto, sei que se planear as nossas refeições, haverá mais variedade e consigo organizar-me melhor. Como fazemos todas as refeições em casa ou a partir de casa (em forma de marmitas e piquenique) as nossas refeições.

As muitas formas de planear refeições

O importante é encontrarem um sistema que funcione para a vossa família. Há pessoas que gostam de, ao domingo, fazer um inventário do que tenham em casa e com isso elaborar um menu para a semana. Parece um sistema muito simples mas a verdade é que poupa muito tempo e muita disponibilidade mental e emocional. De manhã, ao pequeno-almoço, espreitam o que vai ser o vosso jantar e percebem que vão ter que descongelar algumas coisas. Relaxadamente passam esses alimentos do congelador para o frigorífico, num recipiente, e durante o dia vai descongelando sem precisarem de tentar descongelar blocos de comida à pressão.
Se tiverem algum tempo disponível no fim-de-semana podem já pré-preparar algumas coisas para poderem ser usadas durante a semana: fritar num pouco de azeite uns cubinhos de frango, assar alguns vegetais no forno, pré-lavar frutas e saladas, entre muitas outras coisas. Algumas pessoas gostam de fazer a preparação dos alimentos em cru e deixar pré-preparados para durante a semana. No entanto, dependendo do que preparem, tenham em atenção que alguns frescos não duram tanto tempo no frigorífico quanto cozinhados (carne, peixe, alguns vegetais cortados muito pequeninos, etc.)

Eu confesso que nem sempre consigo planear como quero. Há alturas que são tão complicadas que não chego a planear nada e em que me arrependo, logo na primeira noite, quando tenho que descongelar qualquer coisa à pressão porque a hora do jantar está à porta. Tenho outras alturas em que, quando me consigo organizar, basta aquecer o jantar que já tenho tudo feito - e que para mim é o ideal mas nem sempre tenho tempo para fazer essa preparação. E tenho outras semanas em que me encontro no meio: consigo planear as refeições e adiantar a lavagem e corte de alguns alimentos. Nem sempre tenho esse tempo mas sei que para mim o ideal é quando deixo tudo o mais perto de pronto possível.

O processo mais comum de planear refeições


O que é que faz com que o planeamento dos indecisos seja diferente do das restantes pessoas?

O processo mais comum e aquele que costumo recomendar às pessoas é primeiro fazer um inventário do que há em casa: anotar numa folha de papel tudo o que têm no congelador, frigorífico e despensa - mesmo que seja só um bocadinho de qualquer coisa. Sublinhem os alimentos que estão a terminar o prazo ou que precisam de ser consumidos mais rapidamente. Esses deverão ser os que precisam de ser cozinhados e consumidos primeiro para evitar desperdiçar. Condimentos e molhos também devem entrar na lista e muitas vezes são o que desbloqueia uma receita ou refeição. 

Depois do inventário, anotem todos os eventos da semana, indicando quais os dias em que não terão grande tempo para cozinhar e quais os dias em que estão mais relaxados. É nestes dias em que têm mais tempo para cozinhar que podem adiantar algumas refeições e que vão ser uma verdadeira bolha de oxigénio nos dias difíceis.

Como planeio refeições se não conseguir decidir o que quero comer?

Tenho duas dicas que vos podem ajudar. A primeira - e talvez a mais estranha - é espreitar a previsão do estado do tempo para essa semana. É apenas uma previsão mas certamente vai incentivar-vos a preparar bases de salada/quiches em vez de feijoada/sopa para uma semana em que estejam 30ºC. Ter o planeamento de refeições em sintonia com a meteorologia não é obrigatório, mas pode ser uma ajuda se são dos que quando chega ao dia não vos apetece comer o que planearam.

A segunda dica ajuda-vos a ter alguns blocos de refeições prontos no frigorífico e que podem ser transformados conforme a vossa necessidade do momento. Um frango salteado em cubinhos, massa pré-cozida e alguns vegetais cortados fininhos podem ser misturados com folhas verdes para uma salada ou aquecidos juntamente com um molho de tomate e transformados num prato de massa reconfortante. Ao pré-prepararem estas bases estão mais equipados para construir uma refeição equilibrada em pouco tempo.

Vale ainda a pena referir que o planeamento de refeições não é suposto ser complicado. A ideia é poupar-vos tempo durante a semana e não arranjar mais quarenta e cinco milhões de coisas para fazer. Não é para ser perfeito, é para ser funcional.

Como decidir que receitas fazer?

Uma boa forma de começar é escrever num papel as receitas favoritas da vossa família e com as quais estão perfeitamente familiarizados. Há muitas pessoas que começam por fazer o planeamento de refeições com receitas novas, com as quais não estão à vontade e que têm ingredientes com os quais nunca cozinharam e isso leva-as a desistir. Para mim, começar com o que conhecem e ir incrementando com o que precisam, inovando se acharem necessário, traz mudanças muito mais duradouras. Progresso é muito melhor do que perfeição.

O melhor conselho?

Não compliquem. O inventário não deverá demorar mais de dez minutos a fazer e escrever o planeamento para durante a semana deverá demorar cerca de vinte minutos. Se estão a gastar mais do que isso certamente que estão a ligar o complicómetro e não é preciso. E o mesmo se aplica ao cozinhar: se ligaram o forno para assar duas batatas doces, juntem mais alguma coisa. Numa travessa pequena à parte, coloquem um  frango temperado, salmão com molho de laranja ou um tofu marinado e aproveitem assim a fonte de calor. Aproveitar um dia que estejam por casa e que vos permita ir cozinhando as coisas lentamente sem precisarem de estar a tomar conta delas constantemente. 

A comida do dia-a-dia precisa de ser nutritiva e equilibrada, não precisa de ser surpreendente ou complicada. Tentar fazer perfeito vai colocar uma pressão desnecessária - de tal forma que quando chega a hora de sentar para comer estamos tão cansados que já não conseguimos usufruir do que acabámos de preparar.

Por isso, não se esqueçam, a palavra de ordem é simplificar.

E vocês?

Contem-me como é a vossa relação com o planeamento de refeições? Dei-vos algumas ideias? Dei-vos coragem para finalmente fazer uma coisa que já andam para fazer há muito tempo?


E pronto, por hoje é tudo. Espero que gostem e qualquer dúvida que tenham podem sempre contactar-me pelo instagram ou por e-mail. Um abraço e até já.