Lições de 2020 e objectivos para 2021

Episódio #9
Lições de 2020 e objectivos para 2021

Neste episódio mais pessoal dou-vos as boas-vindas a este novo ano, o ano de 2021. Partilho convosco aqueles que serão os meus objectivos para 2021 e ainda relembro como foi 2020 para nós.

Porque as melhores conversas acontecem à mesa, vamos sentar-nos a conversar? Estão convidados e se quiserem tragam um amigo também.

Show notes

2020 foi como cortar cebolas, no início parece inofensivo e no final está tudo de lágrima no olho.

2020 foi como cortar cebolas, no início parece inofensivo e no final está tudo de lágrima no olho.


Olá! Bem-vindos ao primeiro episódio do podcast Marinar de 2021. 

Se o vosso ano de 2020 foi semelhante ao nosso, foi um ano brutal… tanto a nível familiar como a nível de trabalho. Ser empreendedor nesta fase é ainda mais complicado do que aquilo que costuma ser normalmente. 

Podem ter reparado que os episódios do podcast não estavam a sair com tanta frequência, o Instagram tem estado relativamente parado… e a razão é simples: à semelhança de muitos de vocês, também nós estivemos em modo de sobrevivência. Simplesmente a tentar passar um dia a seguir ao outro. Mantermo-nos vivos, alimentarmo-nos bem. Cuidarmos da nossa família. Foi isso que fizemos. 2020 foi apenas isso. 

Quando começou a pandemia, os primeiros contactos de clientes começaram a chegar a dizer que “se calhar para o próximo ano”, “este ano não sabemos”. Foi sem dúvida um ano que ficou marcado pela incerteza. 2021 não parece que vá ser muito diferente, tenho esperança que sim, mas tenho as minhas dúvidas.

Neste episódio quero falar convosco sobre aquelas que são as minhas resoluções para 2021, fazer um resumo breve de 2020 e gostava que vocês partilhassem comigo as vossas resoluções. 

Isto de estarmos em casa, separados, é seguro e importante, mas pode deixar-nos a todos com uma sensação de vazio e talvez até de solidão. Estas plataformas que criamos servem para isto mesmo, para nos ligar, para nos aproximar, quando tudo parece um pouquinho difícil. 

Adeus 2020.

Querido 2020,

Por favor não voltes. Podes ficar onde estavas. Ninguém vai ter saudades tuas. 

(Ninguém não sei, mas imagino que a maior parte das pessoas não vá ter muitas saudades de 2020.)


Para mim 2020, no meio de tudo, de ficar em casa, de cuidar da nossa filha - que na realidade não é muito diferente daquilo que já fazíamos, uma vez que ela não estava na escola - significou, principalmente crescer e trabalhar em coisas que normalmente não teríamos tempo para o fazer. 

E isso significa ler mais, estar mais presente, ter mais cuidado com a maneira como nos alimentamos, como nos relacionamos com as outras pessoas, como construímos a nossa sensação de segurança.

Uma das minhas grandes aprendizagens de 2020 foi uma nova apreciação e valorização pelo facto e acto de nos mantermos vivos e com saúde. 2020 foi marcado por uma perda de um elemento da nossa família que nos era muito querido, por razões não relacionadas com a COVID, e isso foi um grande abanão. Principalmente quando estamos nos nossos 30s e 40s achamos que somos invencíveis. Ainda não chegou a fase das doenças, dos exames médicos e daquelas coisas todas que populam as conversas daqueles que estão acima dos 50 anos. Mas este abanão para nós foi importante até para colocar determinadas coisas em perspectiva. Acho que o simples facto de estarmos mais presentes e cuidarmos da nossa família, mantermos o nosso núcleo unido, apesar de tudo o que está a acontecer no mundo, acho que é super importante. 

E isso foi e resume o nosso 2020, mantermo-nos vivos. Mantermo-nos unidos. Continuarmos ao lado uns dos outros.

Olá 2021.

Para 2021 espero coisas diferentes, pelo menos algumas melhorias. 

Uma das grandes resoluções foi aprender a pedir ajuda. Não me adianta de nada tentar fazer tudo a toda a hora, a todo o instante e ficar absolutamente esgotada, que é o meu normal. A minha linguagem de amor são as coisas que eu faço pelas outras pessoas e eu gosto de fazer tudo a toda a hora por toda a gente. O que acontece normalmente é que eu sinto-me gasta e exausta depois disso, e sinto que não tenho mais nada para dar. Pedir ajuda, para mim, é importante e isso pode acontecer de várias formas. Por exemplo, aprender a delegar.

A minha prenda de Natal

Aquilo que eu pedi ao meu marido como prenda de Natal foi passar o mês de Janeiro sem cozinhar. Não me interessa como é que ele ia concretizar isso, se ia cozinhar, o que é que ia fazer. Mas durante o mês de Janeiro não quis cozinhar. Eu acho que isto veio de saturação. E atenção, eu adoro cozinhar! Vocês sabem. Eu tenho o Marinar. Para mim a cozinha é tudo. Mas existem alturas em que precisamos de uma pausa. Para ganharmos folgo, para nos inspirarmos novamente, para ganhar balanço. E para mim Janeiro foi isso.

Ao fazer isso também me mostrou que eu não preciso de fazer tudo, a toda a hora. Eu posso confiar e relaxar e estar tranquila de que, se eu faltar, as coisas aparecem feitas na mesma. Eu não sei se sou só eu que sente isto ou se há mais quem sinta assim. Mas é uma tendência normal de quem cuida de outros, acharmos que somos insubstituíveis. E acho que muitas vezes nós somos os culpados disso. Porque montamos tudo e temos tudo organizado de maneira a que sejamos insubstituíveis. Isso, em muitas alturas, é absolutamente desgastante porque quando estamos cansados e não temos mais para dar, ter alguém que está disponível para pegar e dizer “eu estou aqui, está tudo bem. Descansa” é muito, muito bom. E isso pode traduzir-se, por exemplo, quando estamos doentes ou quando acontece alguma coisa e precisamos de trabalhar até mais tarde. O que quer que seja, saber que há alguém que pode pegar onde nós deixámos é tranquilizante. 


Aprender a delegar

Então, para mim, 2021 é um ano para delegar, para saber pedir ajuda. E isso traduz-se em estar mais presente. Uma coisa que me acontece muitas vezes é ter a cabeça a mil, sempre. Muitas vezes eu não consigo estar a comer ou a ler tranquila, se eu estiver fisicamente parada o meu cérebro vai começar a dizer que tenho coisas para fazer, seja umas meias para dobrar ou umas refeições que podia adiantar… Aprender a estar simplesmente a estar… parada… a ler… por um pouquinho, é importante. É importante para a nossa saúde. É importante para as pessoas com quem vivemos. 

Desde pequena que ouço que pareço que tenho bicho carpinteiro. A minha mãe e a minha avó, diziam muitas vezes quando era pequena. E, de facto, às vezes parece mesmo que os tenho. Mas é importante saber parar. 

Expandir aprendizagens

Este ano quero continuar a desafiar-me a aprender mais sobre coisas que ainda não sei e a fazer coisas que sempre me convenci que não eram para mim. Isso significa ler outros livros que não sejam livros de cozinha, ler sobre outros assuntos que eu acho que já devia saber há muito tempo e que ainda não tive tempo para ler. 

Esta questão de me desafiar a fazer estas coisas que eu achava que não eram para mim, está a tornar-se muito importante. Eu sempre me convenci que não era o tipo de pessoa que gostasse de correr. Na verdade, eu odiei correr desde garota, desde o liceu, talvez. De um momento para o outro decidi começar a correr não por inspiração de alguém, não porque alguém me convenceu a fazê-lo. Simplesmente comecei a sentir que tinha muita energia para gastar. Então decidi procurar uma app e entrei a Couch to 5K (portanto do sofá para os 5 quilómetros). Tem um programa de treino que vai dizendo quando temos que correr e quando temos que caminhar e os treinos duram sempre meia hora - o que para mim é o ideal porque muitas vezes não tenho tempo para mais. Então desengonçada, tal qual uma girafa que acaba de nascer, comecei a correr devagarinho, mais a caminhar do que a correr. Agora, já vou mais ou menos a meio do programa e posso dizer que corro mais agora do que corria antes, portanto há, sem dúvida, progressos. Acima de tudo, sinto-me bem depois de o fazer. É um tempo em que eu ponho os auscultadores, ouço a música que me apetece e lá vou eu correr um bocadinho. Não tenho ninguém que me esteja a julgar ou a dizer que devia estar a correr mais ou menos, Estou a correr quando é suposto correr e a caminhar quando é suposto caminhar. Ouvir música e gastar energia. Tem sido muito importante para mim, principalmente nos últimos meses e acho que vai continuar a ser para 2021. 

2021, um ano para sonhar.

2021 vai ser, para mim, o ano em que eu preciso de sair do modo de sobrevivência, passar a sonhar um pouco mais e também criar um pouco mais. Isso não significa só mais episódios no podcast, que eu espero que aconteçam. Claro que enquanto criadora de conteúdo seria muito mais bonito eu dizer que vou lançar dois podcasts por semana, mas a realidade é que, acima de tudo, eu sou mãe, sou mulher, sou esposa e para mim o mais importante é eu ir avançando todos os dias um bocadinho. Se isso significa um episódio de podcast por mês, cá estarei. Se significar dois episódios por mês, óptimo, cá estarei! Mas é mais importante, para mim, ir fazendo, ter progresso, do que perfeição. A perfeição muitas vezes impede-nos de fazer o que queremos. Temos sempre esta espécie de objectivos altos que queremos atingir, mas muitas vezes a forma que temos para os atingir é mesmo falhar. É sermos desengonçados. É não termos grande jeito mas fazermos na mesma. Só fazendo e praticando é que conseguimos de facto melhorar as nossas técnicas e crescer. 

Para mim este ano vão ser fundamentais estes objectivos que partilhei convosco, uma espécie de resoluções.

Espero que 2021 vos trate bem. Que seja um bom ano.


2020, um ano importante apesar de tudo.

Na realidade, e agora que estamos aqui a ser honestos, 2020 foi um ano muito, muito difícil, mas vi nas pessoas determinados comportamentos que já devíamos ter há muito tempo e que até nos ajuda a valorizar aquilo que temos. Não só no seio familiar, mas também nas nossas competências. Houve mais pessoas a querer arranjar coisas em casa, a organizar-se, a doar coisas que tem em casa e que já não precisam e que fazem tanta falta a outras pessoas. Aprenderam a fazer pão. Aprenderam a fazer receitas ou até a trocarem receitas com a família porque têm saudades de comer aquelas coisas e não sabem como fazer. 

Eu acho que 2020 trouxe-nos aprendizagens muito importantes, movimentos sociais super importantes. Acho que de forma geral, um acordar da sociedade, compreendermos que muitas das coisas que estávamos a fazer e a maneira como estávamos a fazer não eram as que nos levariam mais longe a todos em conjunto. 

Por isso, em jeito de desabafo, 2020 foi difícil, mas foi um ano importante. 

Espero que 2021 seja um ano igualmente importante. Torço para que não seja tão difícil e que cada um de nós consiga encontrar um bocadinho de paz e tranquilidade no meio do caos que tem.


Como sempre, já sabem que gosto que conversem comigo. Podem fazê-lo através do @marina_a_marinar no Instagram. Vou adorar conversar convosco sobre o vosso ano e sobre as vossas resoluções. E se acharam que este episódio vai ser bom para partilhar com alguém, se têm falado com alguém sobre isto e de alguma forma aquilo que vos disse ecoou com aquilo que vocês passaram este ano, partilhem o episódio com um amigo que acham que vá gostar.

Vemo-nos em breve.

Um abraço e até já.